E tudo começou com a fotografia...

Bétula: passeios e alojamento finalmente juntos.

_T1X9337.jpg

As primeiras vezes que viemos ao Nordeste Transmontano, procurávamos paisagens que nos enchessem a alma.

Aos poucos, após uma e outra visita, as diferentes estações do ano encarregaram-se de cumprir o que a região havia prometido desde o primeiro momento: bosques fantásticos, rios de águas transparentes, flores silvestres, cores de outono, um corço aqui, uma raposa acolá, veados no final do verão e, uns meses depois, a neve. Não me ocorre retrato natural mais apetecível neste país.

O crepúsculo, os faróis do carro e uma perspetiva fora do eixo do caminho.

O crepúsculo, os faróis do carro e uma perspetiva fora do eixo do caminho.

A fotografia que registou as primeiras visitas, na época ainda amadora, logo se tornou profissional; de seguida vieram as reportagens, os workshops, os passeios fotográficos e as escapadas em família, sempre que havia tempo livre. Trás-os-Montes tornou-se um vício: quanto mais tínhamos, mais queríamos. E Trás-os-Montes correspondia. Sempre.

O “anjo da floresta” que encontrei na serra da Nogueira.

O “anjo da floresta” que encontrei na serra da Nogueira.

Amoras silvestres num bosque de bétulas.

Amoras silvestres num bosque de bétulas.

…E folhas geladas na orla de um carvalhal.

…E folhas geladas na orla de um carvalhal.

Um dia, confessei ao diretor de uma revista: “tantas vezes lá vou, que acabarei por ficar”. E assim foi.
Fizemos as malas e instalámo-nos com vista para um lameiro e um belo carvalhal.
O tempo passou, as crianças cresceram, os passeios fotográficos transformaram-se em tours personalizados, que batizámos de Bétula.

Um velho conhecido durante um Bétula Tour neste outono.

Um velho conhecido durante um Bétula Tour neste outono.

Entretanto, começou também a nascer a ideia de alojar quem visitasse a região. E eis-nos chegados aqui, aos Bétula Studios. Este foi o primeiro outono em que pudemos alojar pessoas que desejam as mesmas coisas que nós procurávamos no início dos anos 90... e que agora temos mesmo à frente da janela, ou um pouco mais adiante.

You know what I mean?

You know what I mean?

No verão, colocamos um toldo sobre as varandas. © Aníbal Marques.

No verão, colocamos um toldo sobre as varandas. © Aníbal Marques.

Um belo amanhecer, captado por um dos primeiros hóspedes. © Aníbal Marques.

Um belo amanhecer, captado por um dos primeiros hóspedes. © Aníbal Marques.

Os primeiros a chegar foram estrangeiros. Gostaram do silêncio e dos pios eufóricos dos estorninhos que pousavam em bando frente ao estúdio, logo ao amanhecer. De sentar-se no deck a beber uma cerveja e a olhar a paisagem; de sair de manhã cedo para caminhadas que duravam quase o dia inteiro. Vieram depois alguns fotógrafos, velhos conhecidos em busca das cores de outono... esse filão de imagens que a estação oferece aqui no Nordeste, e de que não me canso de falar.

Cá estão os estorninhos, mesmo em frente à nossa casa e aos estúdios.

Cá estão os estorninhos, mesmo em frente à nossa casa e aos estúdios.

E mais um fotógrafo, durante outro Bétula tour no passado mês de novembro.

E mais um fotógrafo, durante outro Bétula tour no passado mês de novembro.

Houve saídas de campo logo pela manhã, corços nos caminhos e no horizonte, soutos e carvalhais, prados de altitude, cogumelos às centenas, rios rápidos com a corrente sempre a crescer. Houve até neve nas zonas mais altas.
Há uns dias, fui levar o rapaz à escola. Parei junto ao rio Fervença e espreitei as águas... Vi quatro lontras que nadavam e brincavam pouco abaixo dos meus pés. Foi a melhor observação que alguma vez tive desta espécie em espaço natural... bem no centro de Bragança, quem diria?
Ontem, enquanto tomava um café, vi um corço mesmo em frente à janela da cozinha.
Hoje, fui dar um passeio pelos trilhos da aldeia com um casal que veio de Madrid. O bosque a pairar nas nuvens, que inundavam todos os vales abaixo; líquenes a enfeitar cada ramo dos carvalhos; cogumelos a espreitar do manto húmido de folhas; mais abaixo no caminho, o murmurar do ribeiro que agora corre rápido entre os choupos; e depois, um breve olá à dona Lúcia e à dona Eugénia, já a subir a rua de regresso a casa.

Continua a ser muito bom estar aqui.
Cá vos esperamos!

Saiba mais nas página Facebook e Instagram.

Os Bétula Studios e o bosque durante um nevão. Imagina-se acordar aqui?

Os Bétula Studios e o bosque durante um nevão. Imagina-se acordar aqui?


Bétula: plantámos uma no Nordeste Transmontano

Ser freelance é isto mesmo: não ficar quieto, adaptar-se, saber reinventar-se. Em boa verdade, a inconstância está para o freelance como a estepe está para o nómada mongol: é a essência do seu modo de vida.

Quando dei início à atividade de repórter, há quase 21 anos, fi-lo precisamente nessa qualidade, assumindo a imprevisibilidade inerente à ausência de um vínculo contratual com uma entidade empregadora/pagadora – um rendimento regular, portanto. Na altura, o mundo editorial crescia de forma tão vigorosa que até achámos boa ideia fazer isto a dois; e assim, (em boa hora, há que dizer) a Ana saltou para o mesmo barco... um barco sem GPS, sem sondas, sem radar - um barco onde apenas se podia navegar à vista.

Anos mais tarde, valeu-nos a experiência de centenas de reportagens entretanto publicadas para dar início a uma nova fase: a partilha de conhecimentos através da realização de workshops e passeios fotográficos. Vivia-se então o boom da fotografia digital, com uma procura inédita de experiência – e experiências – nesta área.

A mudança para Bragança, em 2010, manteve o registo formativo e lúdico dessas atividades, mas também abriu a porta a projetos fotográficos e editoriais de outra envergadura... e a vontade de fazer cada vez mais atividades ligadas à região.

E assim nasceram, mais recentemente, os passeios Saída à Medida: variados, personalizados e adaptados à sazonalidade vincada que aqui se faz sentir. Já não nos dirigimos apenas aos que gostam de fotografia, mas a todos aqueles que apreciam a vida ao ar livre e procuram uma experiência mais profunda e enriquecedora - “casais, famílias ou amigos, apaixonados pela natureza e pela vida selvagem, por uma caminhada na neve ou um simples mergulho em águas límpidas”,  tal como anunciamos nos postais promocionais, cujas faces podem ver ao longo deste post.

Achamos, por isso, que é altura de separar o que será sempre inseparável: o fotógrafo António Sá e a autora de textos Ana Pedrosa – que continuarão a existir como tal – das atividades mais vocacionadas para o turismo da natureza, como são as Saídas à Medida e outras que entretanto estamos a preparar. A partir de agora, estas últimas aparecerão sob o nome BÉTULA (marca registada no INPI), com uma identidade gráfica criada pelo reconhecido atelier R2 Design, dos nossos amigos Artur Rebelo e Lizá Ramalho.

Mas bétula é, antes de tudo, uma árvore.
Uma árvore esbelta, de silhueta simples, depurada, com a particularidade de apresentar um tronco branco com tracinhos escuros e uma roupagem distintamente bela em cada uma das estações do ano.

As bétulas têm uma aparência delicada mas são muito resistentes; são árvores de altitude, dão-se bem com a neve e o frio das montanhas, e gostam das latitudes setentrionais ainda acima do círculo polar ártico, até onde a tundra não as deixa mais seguir caminho – nem a qualquer outra árvore, de resto. As bétulas existem em Montalegre, em Montesinho, aqui ao lado em Sanábria, na Islândia e na Noruega, onde se chamam bjørk – que é também uma voz que gostamos desde o tempo dos Sugar Cubes. Elas povoam os sítios que mais nos inspiram - da nossa imaginação ao nosso jardim.  

BÉTULA simboliza o espírito que procuramos incutir na nossa própria vida e naquilo que fazemos: simplicidade, tenacidade, sazonalidade.

E agora que a plantámos, queremos partilhar o seu crescimento e multiplicação com todos aqueles que procuram as coisas boas da vida.

Porque melhor que uma bela árvore... é um bosque inteiro a perder de vista. 

Grande Pássaro de Ferro Volta aos Territórios do Norte

Alguma vez sentiu que em muito pouco tempo e distância viajou a uma realidade completamente diferente?
O caso mais marcante que me aconteceu foi precisamente numa viagem de avião entre Lisboa e Bragança, no inverno de 2011 (a foto acima foi captada nesse mesmo voo). Em apenas 80 minutos passei dos 15ºC de uma soalheira Lisboa à aterragem pouco acima dos 0ºC, entre as montanhas nevadas do Nordeste Transmontano. Para quem gosta da adrenalina própria dos Great Outdoors - como chamam os britânicos a tudo que fica para norte da Muralha de Adriano - não há melhor elixir.
As nuances do nevoeiro a revelar ou a esconder uma paisagem misteriosa. Imensos carvalhais cobertos de líquenes. O murmurar distante de uma queda-de-água. Flocos gelados que nos beliscam a cara.

Estar vivo é isto.
Não podemos parar o tempo, nem fazê-lo andar mais devagar, mas estes momentos são os que mais se aproximam dessa ideia.
No momento em que escrevo estas linhas, estão 2ºC aqui em Bragança e uma chuva com gelo à mistura. Em Lisboa, a realidade é de 12ºC e céu pouco nublado. Se me meter no carro durante 15 minutos, até à serra da Nogueira, sei que estará a nevar... e o mesmo em Sanábria, com mais uns 45 minutos de viagem.

O silêncio... o bosque... a neve. O tempo parou.

O silêncio... o bosque... a neve. O tempo parou.

Não é o Alasca, nem a Noruega, mas nesta região também há lobos, ursos, veados, bosques, rios e montanhas. É o nosso próprio Grande Norte... igualmente belo e surpreendente, mas bem mais fácil de alcançar, agora também de avião desde o extremo sul de Portugal.

Em 2016 desejamos, por isso, mais descobertas, mais aventuras... mais tempo de qualidade.
Se pudermos ajudar no objetivo, tanto melhor.
Encontre as nossas propostas em AGENDA e TOURS neste mesmo site.
aqui ficam também os horários de voos.

Bom Ano!

Serra da Nogueira, ontem cerca das 12h00. Ambas imagens com Fuji X-10.

Serra da Nogueira, ontem cerca das 12h00. Ambas imagens com Fuji X-10.

Navia | France

© Navia

© Navia

​Às vezes, há pessoas que dizem tão bem as coisas que não é preciso acrescentar mais nada.
A propósito da sua mensagem de solidariedade com amigos e colegas franceses, partilho convosco a imagem que este fim de semana recebi de José Manuel Navia. Um excelente fotógrafo e ainda melhor pessoa, que tenho a sorte de um dia ter encontrado no caminho.

Obrigado, Navia.

Saída à medida... redimensionada

Bosques de bétulas povoam as encostas do novo território do urso-pardo - uma das propostas Saída à Medida para este outono.

Bosques de bétulas povoam as encostas do novo território do urso-pardo - uma das propostas Saída à Medida para este outono.

Volvidos alguns meses após o lançamento do Saída à Medida, resolvemos fazer alguns ajustes para melhorar esta nossa nova proposta. 

...Continua a ser uma atividade para grupos pequenos.
...Continua também a ter toda a flexibilidade nas datas e nos locais a visitar, desde que no âmbito de Trás-os-Montes e das vizinhas regiões espanholas – uma unidade geográfica agora classificada pela UNESCO como reserva da Biosfera.
...Continua a não se destinar exclusivamente aos amantes da fotografia, embora também o possa ser, se os participantes assim quiserem.

Na Comarca de La Carballeda há aldeias que não chegam aos 20 habitantes

O que mudou, então?
Bem, como tanta liberdade pode chegar a intimidar, resolvemos facilitar a escolha reunindo as melhores propostas para cada estação do ano.

A duração, o conteúdo e os respetivos preços também são diferenciados, mantendo-se a toda a liberdade dos participantes para escolherem qualquer outra versão... à sua medida.

 

 

Em Montesinho, propomos a descoberta de cogumelos com acompanhamento científico e degustação em restaurante especializado (mas não o da imagem)

Em Montesinho, propomos a descoberta de cogumelos com acompanhamento científico e degustação em restaurante especializado (mas não o da imagem)

 

 

 

 

No fundo, o Saída à Medida destina-se a todos os que aspiram conhecer melhor esta fantástica região, de acordo com o seu tempo e interesses específicos.

O Outono está aí.
Dê uma vista de olhos às nossas propostas ou peça-nos para criar uma especialmente para si e para os seus amigos ou família.

Cá estaremos para dar o nosso melhor.

Saiba mais aqui.

Aldeias quase desertas proporcionam uma experiência insólita... e imagens a condizer.

Aldeias quase desertas proporcionam uma experiência insólita... e imagens a condizer.